Descrição enviada pela equipe de projeto. Inicialmente, a premissa do cliente de aproveitar o desnível existente do terreno para implantar um estacionamento semi-enterrado condicionou muito a implantação do novo edifício, o que fez com que o projeto tivesse que incorporar uma futura empena cega em seu lado mais longo, em divisa com uma propriedade municipal. Além disso, o extenso programa funcional necessário, que se complementa com um andar de salas de aula, acabaria esgotando o espaço livre e chegando muito perto do edifício existente de departamentos da universidade.
Diante destas circunstâncias, a abordagem do projeto parte de sua condição fundamental enquanto uma instalação, bem como uma continuação do espaço público, elevando o programa estabelecido em um andar e assim organizando uma cota de acesso com uma pequena praça e um salão multiuso à disposição dos cidadãos, além de um espaço de serviço exclusivo da universidade. O volume resultante não é compacto, mas fragmentado em faixas horizontais que, deslocadas entre si, permitem uma leitura de sua organização interna em três níveis ao mesmo tempo em que evidenciam uma ordem e escala apropriadas.
Ter luz natural nas salas de leitura era uma preocupação evidente, mas a situação apresentava uma complicação pelo fato de que toda a fachada deveria que ser cega pelo fato de ser uma empena, por isso foram instaladas clarabóias que funcionam como luminárias nas escadas entre os andares da biblioteca.
Pensar em uma arquitetura pública reversível, que permitisse modificar seu uso no futuro com leves adaptações, levou à escolha do sistema estrutural de grandes vãos, composto de pilares de concreto e lajes reticulares, ambos fortemente reforçados, o que por sua vez possibilita uma meticulosa compatibilidade com os usos de estacionamentos e salas de aula em outros níveis. A reversibilidade permite a adaptação de espaços de leitura em espaços de ensino ou mesmo administrativos, oficinas em salas para seminários e de trabalho em escritórios com grande facilidade e poucos recursos.
Além disso, não é apenas o excelente desempenho energético de seu envoltório que nos permite falar de um exercício responsável da profissão, mas também a insistência na arquitetura pública como instalação urbana. Isto significa entender como este edifício pode continuar sendo uma instalação urbana mesmo que o programa para o qual foi projetado se altere eventualmente.
A exigência de um edifício de consumo quase zero foi aproveitada para reforçar a ideia de como o edifício deve comunicar esta condição através de uma pele dupla de alumínio perfurado que dissipa o superaquecimento solar. O edifício se manifesta de forma única com uma pele abstrata em um contexto urbano genérico, apresentando a nova identidade do campus através de sua posição avantajada em relação às demais construções.
A demanda de uma Biblioteca Universitária na era digital levou a algumas reflexões e uma demanda que convenceu o júri de certas alterações na organização funcional do edifício. Ele foi provido de espaços de interação e socialização para incentivar as relações entre estudantes de diferentes formações acadêmicas, bem como complementar os espaços de leitura com áreas de trabalho e de reunião onde os dias de estudo são prolongados, e cada vez mais realizados coletivamente. Portanto, trata-se de uma biblioteca que possui espaços de relação e comunicação associados às salas de leitura e ao acervo bibliográfico, uma importante fonte de inovação, como foi percebido por muitas universidades.
